Rodrigo Gianotto, CTO do Grupo Primo, participou nesse sábado (22/07/2022) de uma live comigo. No vídeo abaixo, você confere a íntegra da entrevista, sobre a qual se comentará.
QUEM É RODRIGO GIANOTTO
Rodrigo Gianotto é bacharel em Ciências da Computação pela UNESP (2010), iniciou sua vida como programador e já trabalhou para grandes empresas, como IBM, Accenture e Empiricus. Atualmente, é CTO (diretor de tecnologia) do Grupo Primo, em que atua de forma mais holística (de um lado, cuidando de demandas de infraestrutura, operacionais; de outro, de produto e engenharia de software).
Conforme sua descrição no Linkedin (https://br.linkedin.com/in/rodrigogianotto?original_referer=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2F), ele fornece serviço na área de TI, possibilitando mudanças culturais e alavancando empresas em toda a cadeia de transformação digital.
“Liderar pessoas sempre foi uma paixão, e acabei assumindo papéis, como gestor, gerente; saí da Accenture como gerente-sênior. Com o nascimento da minha filha, quis também renascer e fui para startups”.
É PRECISO TER UM DIPLOMA PARA INICIAR NA ÁREA DE TECNOLOGIA (8:04-12:24)
Gianotto falou sobre a importância da curiosidade e interesse, de querer entender como funciona a Internet e seus componentes – citando, como exemplo, o cadeado presente em uma página que utiliza o protocolo HTTPS.
“Tecnologia, sim, é para todo mundo. A gente vive o momento em que grande parte das maiores oportunidades profissionais se encontram dentro do universo de tecnologia.”
Em relação ao diploma tradicional das universidades, ele disse que antigamente era esperado ter graduação em Ciências da Computação ou Engenharia da Computação, citando o período em que estava na IBM. Hoje em dia, por outro lado, a computação está muito ligada aos negócios, e citou o exemplo do Grupo Primo, em que grandes estrelas desse grupo não possuem graduação.
No entanto, ele ainda recomenda estudar em uma boa universidade para adquirir o fundamento, mas, que esse estudo, aconteça de forma paralela à prática, ou seja, que se procure atuar no mercado de trabalho.
QUAL O MELHOR MERCADO PARA QUEM ESTÁ INICIANDO AGORA (15:05-20:15)
O CTO do Grupo Primo considera que programação (seja pelo viés de dados, de aplicação ou de infraestrutura) é o nicho com a maior quantidade de oportunidades de mercado.
Para ele, é importante escolher uma linguagem mais “simples” (citando Python e JavaScript), cursos e professores que o façam pensar (nesse sentido, por já ter consumido algumas aulas minhas, elogiou o curso que leciono, o Python do Zero) e criar projetos de ponta a ponta para praticar e sedimentar o conhecimento.
Importância de saber o final daquilo que se está fazendo. Comecei a comprar cursos e não fazia muito sentido prático. Replicar projetos é importante
QUAIS SKILLS FALTAM NAS PESSOAS OU QUAIS ELAS DEVERIAM FOCAR PARA ENTRAR NO MERCADO (23:35-31:57)
O cientista da computação revelou que a maneira de estudar (rotina de estudos e como se estuda) é muito importante para conhecer uma pessoa, seja pelo aspecto técnico (hard skills), seja pelas chamadas soft skills – habilidades sociais, inteligência emocional: comunicação, empatia, organização, automotivação.
“Como a pessoa estuda demonstra muito sobre o autodidatismo e sua capacidade de ter ownership sobre um problema, ou seja, ter a proatividade e comprometimento de resolvê-lo.”
Ainda nesse contexto de proatividade e comprometimento, ele comentou que a área de tecnologia agia passivamente, pois esperava uma demanda chegar até ela (equipe de marketing e de vendas, por exemplo) para então agir, mas que isso vem mudando. Hoje em dia, o setor de tecnologia é mais ativo e participativo, atuando de forma conjunta com os outros setores da empresa, observa Gianotto.
Abaixo, algo muito importante dito pelo Rodrigo e que vale para todas as pessoas, seja no ambiente profissional, seja no dia a dia.
“[Quero saber] O que você está entregando, e não se está na data e se foi entregue. Qual o impacto [para a empresa] que você está gerando com o seu trabalho? (…) As empresas que mais crescem no mundo têm time de tecnologia com protagonismo.”
Ou seja, seja uma pessoa que queira contribuir, somar, na sua empresa; queira o bem dela, mesmo que não seja “o dono”. Não apenas espere, todo relaxadão, como se fosse um rei, demandas chegarem até você. Não seja egoísta, no final das contas. No dia a dia, esse pensamento se aplica, por exemplo, a cuidar dos espaços que frequenta, ou seja, não jogando lixo onde não deveria.
COMO APLICAR PARA O GRUPO PRIMO (32:23-34:05)
O diretor de tecnologia do Grupo Primo lê os currículos enviados semanalmente, ainda que não exista vaga para o setor de tecnologia, pois, na verdade, sempre há vaga em tecnologia – ninguém pode negar alguém brilhante em uma área como essa, afinal. Sobre acessibilidade, disse que interage e ajuda quando e como pode, seja no Instagram (@rodrigogianotto), seja no Linkedin (Rodrigo Gianotto).
ESTRUTURA DO GRUPO PRIMO E USO DE DADOS (34:09-42:27)
Em relação ao Grupo Primo, Rodrigo revela que seus negócios estão expandindo (tanto os negócios quanto o número de pessoas integrantes) e, para isso, vêm se estruturando tecnicamente. Comentou sobre novidades, como a possibilidade de construção de camadas de métricas para diminuir a subjetividade (métrica de Churn).
Sobre a divisão, citou que há três grandes grupos de tecnologia: engenharia de dados (responsáveis pela construção dos extratores ou utilização de ferramentas low code para levar dados do lugar A para o data lake), analista de dados (que trabalha em uma visão mais estruturada do data lake ou do data warehouse, buscando esses dados e os analisando para os negócios) e de data science (análises mais estruturadas, obtendo respostas, desde construção de modelos preditivos até saber o melhor produto para se vender para o cliente).
Em relação aos dados, Gianotto contou que trouxe uma pessoa do mercado (Rafael Yamagata) para ser responsável pela área de data Science do Grupo Primo, e que, juntos, construíram um data lake. Assim, as visualizações principais, tanto de campanha de marketing (como captação de leads e de clientes) quanto aquelas relativas ao monitoramento da área interna (uma vez logado, aquilo que o cliente está consumindo e onde ele se encontra, por exemplo), são utilizadas para tomadas de decisões.
Ainda sobre dados, o CTO do Grupo Primo comentou sobre conceitos novos, como o lake house (junção de date warehouse com o date lake), porque a construção de date warehouse é onerosa.
LOW CODE (43:12-45:04)
“Os engenheiros de dados estão saindo das empresas para trabalhar nos players low code, pois estão crescendo muito. Li, recentemente, uma notícia do Facebook, agora meta, e nessa dizia que eles fariam um grande shifting de engenharia de dados utilizando low code.”
RESPONDENDO ÀS PERGUNTAS DO CHAT (46:16-01:01:30)
1. Hugo Portugal Vasconcelos quer saber como ele pode demonstrar seus conhecimentos e como mesclar conhecimentos de engenharias diferentes.
Respondendo às dúvidas trazidas do Hugo, Rodrigo Gianotto ressalta a importância dos projetos nas engenharias, de projetar e mostrar seus resultados. Para entrevista de emprego, se for para engenheiro júnior, Rodrigo foca em projetos – ter um GitHub com projetos é muito importante, e a capacidade de resolver problemas está acima do código de si –; se for para estagiário, foca mais na teoria. Bem como fala sobre a importância de contar sobre as formações acadêmicas ou não, afinal são conhecimentos e experiências em áreas diferentes, as quais podem exigir diferentes habilidades.
Além do que o especialista convidado falou acima, eu adendo que os projetos apresentados na entrevista de emprego devem ser os melhores possíveis, afinal se está diante de um processo seletivo. Então, tudo que o envolve é importante: linguagem, design, apresentação, solução, desenvolvimento, resultado. A forma do projeto dirá muito a seu respeito, como organização, empenho, dedicação, seleção de prioridades, entre outros aspectos.
2. Romildo Macedo critica o desconhecimento de alguns CEO sobre os benefícios do uso de algumas linguagens de programação, citando o Python.
Gianotto explica que não o papel do CEO não é exatamente técnico e operacional, a ponto de saber utilizar uma linguagem. Na verdade, continua Gianotto, o papel de um CE é encontrar os melhores profissionais, empreender, obter os melhores resultados, inspiração, uma visão mais macro; ele não precisa saber “como”, pois essa é responsabilidade é de outros agentes.
Somando ao que foi dito acima pelo CTO do Grupo Primo, cabe aos profissionais operacionais trazerem as vantagens e desvantagens do uso de uma linguagem e, então, apresentar àqueles de hierarquia maior na empresa. Ou seja, é preciso que se demonstre os ganhos para se mudar de A para B.
AGRADECIMENTO AO CONVIDADO
Quero agradecer, de coração, ao Rodrigo Gianotto por essa troca de experiência e pelo tempo dedicado. Sabemos que são poucos que disponibilizam mais de uma hora do seu tempo para conversar com alguém que não seja um familiar ou amigo muito próximo – ainda hoje em dia, em que as relações são mais interessadas e menos genuínas. Bem, é isso… espero que tenham gostado da conversa e que aproveitem as informações transmitidas por um especialista de peso na área de tecnologia.